terça-feira, 27 de maio de 2008

Benéfico ou prejudicial?

Propriocepção. A capacidade de termos consciêcia de nossa própria corporeidade. É este complexo de vários sentidos que nos capacita a realizar movimentos sem necessariamente precisarmos olhar ou mesmo estar conscientes do movimento em si.

Quando um movimento é requisitado com frequência nosso sistema nervoso "registra" o conjunto de comandos necessários para realizá-lo. Com isto ganhamos mais desenvoltura em fazê-lo. É por isto que com a prática movimentos complexos ficam progressivamente mais fáceis. Isto é chamado por muitos, ainda que incorretamente, de "memória neuro-muscular"(como se músculos tivessem memória).

Estes "programas motores", uma vez registrados, são ativados quando situações apresentam, em linhas gerais, o cenário no qual eles costumam ser usados.  É por esta razão que um dançarino de Ballet vai "sambar engraçado". Ou um nativo do idioma russo vai falar inglês "esquisito". E também por esta razão que enfermeiros treinados vão reagir mais rapidamente e de forma mais eficaz à um efarto num restaurante do quê os demais clientes.

E eis o dilema...este processo não é motor e sim cognitivo. Não se trata do corpo "memorizando" e sim da mente se habituando. Por esta razão este mecanismo funciona não só em movimentação, mas também em forma de associar idéias. Na nossa forma de pensar.

"A mente que deseja livrar-se da mente é o maior impecilho da mente que deseja livrar-se da mente."

Ou, dito de outra forma igualmente confusa, pensar em não pensar em nada também é pensar. Trata-se de uma orientação do método militar Yagyu Shinkage ryu. De forma simplificada, a idéia é que o objetivo de um método militar(ou qualquer outro) é reprogramar sua mente e recondicionar seu corpo. Trocar hábitos velhos(e ineficazes) por novos(e eficazes). E para que este processo venha a acontecer é necessário que o estudante enfrente a tedência natural de seus velhos hábitos aflorarem de forma inconsciente.

Esta manifestação fica bem evidente quando o aluno erra a mesma coisa, num esmo exercício, numa mesma etapa, de mesmo jeito e tem consciência de estar errando durante a execução, mas não consegue evitar o erro. Normalmente este aluno é capaz de perceber seu erro e sabe como corrigi-lo, mas ao executar o movimento o erro acontece do mesmo jeito.

Este processo, que atrapalha tanto o aprendizado, será responsável pela preservação das novas habilidades, tão almejadas pelo iniciante.

2 comentários:

n disse...

Creio que o termo neuro-muscular não seja a memória do músculo, mas dos feixes nervosos que se ligam a estes músculos. Porém todas as células do corpo possuem neuroceptores. Não duvido que seja possível a estimulação direta do músculo, sem a utilização do SNP, via neurotransmissores projetados para se ligarem aos sítios nas células musculares...

Renato Alcântara disse...

A crítica ao têrmo "neuro-muscular" é que os músculos não estão equipados para armazenar dados de memória. Sua enervação visa apenas transmitir impulsos.

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Um shodanzinho autodidata que acabou virando um polivalente polidanzinho autodidata.