quinta-feira, 29 de maio de 2008

O papel dos torneios de MMA nas artes marciais.


Torneios abertos não são novidade. Seja na Grécia antiga, nos portos das Américas e Europa, ou nas cidades do Japão e China; sempre houve espaço para circos de desafios. Esta tendência era cíclica, com estes torneios começando, gerando grande interesse e depois caindo no esquecimento, debaixo de inúmeras críticas quanto a sua selvageria.

A década de noventa trouxe este fenômeno de volta com uma nova abordagem: sua internacionalização e trasmissão ao vivo. A importância destas duas "inovações" é muito maior do quê se imagina a priori.

A primeira importância é o fato de quê ficou mais dificil esconder os resultados. Quem ganha e quem perde se torna um dado público, registrado e inquestionável. Acabou o tempo em que você podia esconder suas derrotas simplesmente se mudando de cidade. A segunda foi o fato de se perceber que o fator "espetáculo" vem em primeiro lugar. Ninguém quer pagar para ver 3 horas e meia de dois homens agarrados no chão sem fazer nada. Novas regras fora criadas em favor do público, que paga para ver um duelo de habilidade e força.

Quão real é o ValeTudo?

As pessoas têm o mau hábito de se precipitarem em julgar sem se informarem ou contextualizarem adequadamente.

Quando vemos dois homens num ringue se esmurrando, sangrando, tendo ossos quebrados e evetualmente morrendo no ringue é dificil pensar neste cenário como sendo qualquer coisa que não um combate real. Isto se dá porquê a primeira coisa que associamos à idéia de combate é a troca de agressões físicas. Sob esta óptica o ValeTudo é realmente um combate "real"...

O problema desta visão é que, baseado nela eu poderia afirmar que espancar um prisioneiro algemado também seria um combate real.

Aspectos irreais do ValeTudo.

1. Luta previamente programada: você sabe com quem, onde, quando e sob que regras vai lutar. Um combate real normalmente apenas um dos lados sabe algumas destas coisas e planeja surpreender sua vítima.

2. Juízes: existem pessoas prontas para interferir caso a violência do combate ponha em risco os atletas.

3. Equipe de socorro de urgência.

4. A possibilidade de se desistir da luta, antes, durante ou depois.

Numa situação real você provavelmente foi surpreendido ou não dimensionou o risco real que seu antagonista representa. Você provavelmente está REAGINDO o que lhe coloca em desvantagem contra um oponente que tenha planejado a situação. Ainda que seja apenas um caso de briga de idiotas ( nenhum dos dois planejou, mas nenhum vai querer parecer covarde) o fato é que você não estava preparado para lutar. Você não conhece o ambiente, não sabe das habilidades e recursos de seu oponente...e ignorância mata.

O papel da luta de chão.

Uma das principais conclusões erradas oriundas dos torneios de MMA é "luta de chão é essencial para defesa pessoal". As explicações vão desde "nela tamanho não é relevante" à "hoje em dia todo mundo sabe um pouco de chão, quem não souber nada apanha!". 

Bem, tamaho SEMPRE conta. Em casos de grande desproporção ir para o chão pode lhe colocar em grande desvantagem. E quanto a "todo mundo sabe"...bem, a menos que você seja um expert, o risco de ir para o chão com alguém MAIS EXPERIENTE já é um desestímulo.

Na realidade, o maior problema da luta de solo está em trabalhar contra o propósito maior da defesa pessoal; permitir que você se afaste da ameaça. Quando trocamos murros ou chutes podemos abrir caminho para nossa fuga. O mesmo não se aplica a luta de solo. Uma vez que você foi para o chão não há outra alternativa senão incapacitar o oponente (desmaia-lo, quebrar-lhe um braço ou perna). Além da questão "ter que ganhar a luta"(o quê pode prolongar a situação) você terá mais tarde de lidar com o risco de um processo por lesões corporais.

Outro problema da luta de solo é a perda de visão. Ao se lutar tão próximo fica muito dificil mantêr as mãos do oponente visíveis, o quê permite que facas, chaves e outros objetos perfuro-cortantes sejam usados contra nós. Isso sem falar o fato de quê a mordida humana pode gerar uma pressão de mais de 200 libras(por volta de 90kg) mais que suficiente para arrancar dedos, cortar ligamentos...

O que podemos aprender com os MMA?

Que tamanho conta muito. Que o corpo humano aguenta muita pancada antes de desistir. Que nossa precisão cai e técnicas complexas não são confiáveis. Que o pouco que conseguimos realmente usar em um oponente, similarmente treinado que não deseja se submeter, é o mesmo indepedente da arte marcial treinada.

E que não é bom puxar briga com campeões de torneios de MMA :D

Vinicius de Moraes em Neo-miguxês.

 

TeRNUrAh

eu TI PeXXU perdAum PoR tI AMaH Di RepenTi
emBORaH U mEu aMor
sEJah 1 VElHah kAnXXAUM NuxXx teUxXx OviDuxXx
DAxXx HorAxXx KI paXXEi a SOmBRAH DUxXx TEuxXx GEstUxXx
BEBeNU eM TuaH bocah U PErfuME DuxXx SORrisUxXx
daxXx noiTixXx Ki vivi aCaLENTaNU
PeLaH gRaXXah InDIziveu
DuxXx teuxXx PAXXuxXx eteRnAmenTi FUGinu
tRAGu A doXXuRAH
dUxXx Ki AcEITAM MELanCOLIcAMeNtI......
i poXXu TI DIzE
ki u GrANdi afEtU KI ti DexXxu
NaUm TRaIxXx U ExXxaSPerU dAxXx lagrImAxXx
nEm a fasciNAXXAum DaxXx proMEXXAxXx
NeM axXx miStErioSAxXx PaLaVRAxXx
duxXx veuxXx dAh Almah..................
eH 1 SoXXeGU...1 UNXXAUM,
1 TrAnSborDamenTu dI kArICiaxXx
I SoH tI pEdi kI tI RePoSExXx KIeTAH,
MTu kIeTAH
I DExXxExXx kI AxXx mAuxXx KaLidaxXx DaH Noiti
enCoNTrEM seM FAtALIdadi
u oLHAH EsTATiCU dah auroRAh.....

ViNIciuxXx Di moRAExXx

Entendendo o katageiko.


Os dois erros mais comuns eram uke manequim(imóvel, espera ser arrastado pelo nage) e uke uga-buga(Hulk esmaga nagezinho!). Também vejo muito em demonstrações de Aikido pessoas com ótimas projeções que são péssimos ukemi. É a clássica tendência de se antecipar ao nage, resistir à ele ou ficar inerte esperando ser movido...

Problema similar vejo no Karate sob a forma de kihon onde o tori reage a um ataque antes dele ocorrer, se baseando no fato deste ser predeterminado. A idéia dos kihon é serem fundamentos. Neles o "defensor" age de forma apropriada ao contexto criado pelo "agressor". Se o agressor não cria o contexto predeterminado a resposta do defensor não faz sentido. Este contexto inclui a forma de "reagir" ao ataque. Quando o "defensor" esquiva antes da hora ele está bancando o "telepata", antecipando as intenções do atacante e contando com seu comprometimento à um ataque fadado ao fracasso. Quando o atacante pára seu movimento, cessando sua "energia"(inércia), é absurdo querer usá-la contra ele. Quando ele resiste, insistir na idéia original é idiotice(ela já foi reconhecida e apropriadamente neutralizada).

Aikido é treinamento para que se adquira naturalidade de movimentação e improvisação...estas coisas é que PODEM vir a funcionar num combate.
Aikido, treinado de forma orientada para combate, também fortalece os ossos, ligamentos e músculos...e força PODE ser vantajosa...por quê é tao difícil aplicar uma torção à la aikido ou chinna num MMA da vida?

As torções funcionam porquê o oponente está usando os braços para bloquear tuas tentativas de atingí-lo com ataques traumáticos(socos por exemplo)...em MMA ou você ignora as porradas do oponente ou você esquiva(se conseguir) e contra-ataca; é por isto que "tentar fazer chaves e projeções" não é aiki...é ju.
Quando se usa aiki em um oponente que não tenta se proteger de nossos atemi, estes se tornam fim em si mesmo.

Esse sou eu...

Two roads diverged in a yellow wood
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Thought as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had troden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I-
I took the one less traveled by,
And that has made all the diference.

Robert Frost(1874-1963)

terça-feira, 27 de maio de 2008

Dois grandes mestres obcecados com a realidade do combate.


Kunii ZeYa(soke e shihanke da tradição Kashima Shinryu) e Massad Ayoob(criador do método StresFire e fundador do Lethal Force Institute).

Benéfico ou prejudicial?

Propriocepção. A capacidade de termos consciêcia de nossa própria corporeidade. É este complexo de vários sentidos que nos capacita a realizar movimentos sem necessariamente precisarmos olhar ou mesmo estar conscientes do movimento em si.

Quando um movimento é requisitado com frequência nosso sistema nervoso "registra" o conjunto de comandos necessários para realizá-lo. Com isto ganhamos mais desenvoltura em fazê-lo. É por isto que com a prática movimentos complexos ficam progressivamente mais fáceis. Isto é chamado por muitos, ainda que incorretamente, de "memória neuro-muscular"(como se músculos tivessem memória).

Estes "programas motores", uma vez registrados, são ativados quando situações apresentam, em linhas gerais, o cenário no qual eles costumam ser usados.  É por esta razão que um dançarino de Ballet vai "sambar engraçado". Ou um nativo do idioma russo vai falar inglês "esquisito". E também por esta razão que enfermeiros treinados vão reagir mais rapidamente e de forma mais eficaz à um efarto num restaurante do quê os demais clientes.

E eis o dilema...este processo não é motor e sim cognitivo. Não se trata do corpo "memorizando" e sim da mente se habituando. Por esta razão este mecanismo funciona não só em movimentação, mas também em forma de associar idéias. Na nossa forma de pensar.

"A mente que deseja livrar-se da mente é o maior impecilho da mente que deseja livrar-se da mente."

Ou, dito de outra forma igualmente confusa, pensar em não pensar em nada também é pensar. Trata-se de uma orientação do método militar Yagyu Shinkage ryu. De forma simplificada, a idéia é que o objetivo de um método militar(ou qualquer outro) é reprogramar sua mente e recondicionar seu corpo. Trocar hábitos velhos(e ineficazes) por novos(e eficazes). E para que este processo venha a acontecer é necessário que o estudante enfrente a tedência natural de seus velhos hábitos aflorarem de forma inconsciente.

Esta manifestação fica bem evidente quando o aluno erra a mesma coisa, num esmo exercício, numa mesma etapa, de mesmo jeito e tem consciência de estar errando durante a execução, mas não consegue evitar o erro. Normalmente este aluno é capaz de perceber seu erro e sabe como corrigi-lo, mas ao executar o movimento o erro acontece do mesmo jeito.

Este processo, que atrapalha tanto o aprendizado, será responsável pela preservação das novas habilidades, tão almejadas pelo iniciante.

Bem vindos!

Meu perfil fala sobre mim, de forma que prefiro falar sobre este blog e sua proposta.
A história costuma ter seu começo determinado como sendo o surgimento da escrita. A criação da imprensa por Gutenberg foi um marco fundamental na disseminação das idéias. O telégrafo permitiu que a barreira da distância fosse superada e uma instantaneidade fosse atingida. O rádio e o cinema, e mais tarde a televisão, aumetaram o espectro de realidade na trasmissão de experiências locais em uma escala global.

E a internet se fez. E eu vi que ela PODE ser boa.

Difundindo e dispersando idéias.

O objetivo deste blog é expor minhas idéias e propostas. Como artes marciais sempre estiveram presentes em minha vida é de se supor que elas estarão muito presentes por aqui. Mas este não será um blog exclusivamente sobre Aikido, Kendo e Iaido (as três modalidades com as quais estou mais fortemente envolvido no momento). Ou mesmo apenas sobre artes marciais.

Este blog é sobre como eu vejo o mundo e que propostas posso apresentar para transformá-lo.

Quem sou eu

Minha foto
Salvador, Bahia, Brazil
Um shodanzinho autodidata que acabou virando um polivalente polidanzinho autodidata.