segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Quem ensina o quê a quem?


Fomos doutrinados a crer que o "professor ensina"...mas na prática isto é impossível. Nenhum professor pode controlar o sistema nervoso do aluno e mover seu corpo/mente por ele.

Ele oferece experiências. Estas experiências provocam certos lampejos de inspiração, os quais são o aprendizado.

Um professor habilidoso escolhe as experiências pedagógicas com base naquilo que o aluno já sabe, de modo a trabalhar à partir de um referencial comum. Um aluno que não esteja atento as estes momentos poderá ser adestrado na forma por um adestrador habilidoso, mas jamais alcançará uma compreensão da essência. Será como um animal de circo, respondendo a estímulos externos de uma forma previsível(estalo do chicote, som do apito, gestos da mão, comando verbal).

Um MÉTODO DE COMBATE TRADICIONAL é formado pelas experiências acumuladas por uma linhagem de praticantes, as quais foram escolhidas por se mostrarem mais eficazes para garantir este tipo de esclarecimento para a essência do combate.

É aqui que surge o dilema da prática de métodos tradicionais de combate: o método é fim ou meio?

No passado estes métodos eram o meio de se desenvolver as habilidades necessárias para a efetividade em combates. Sua transmisão não se baseava na preservação do método e sim da efetividade, de modo que tudo o que fosse se mostrando anacrônico e desnecessário ia sendo descartado. E isto era coerente.

Na atualidade a questão se torna mais delicadada. Tomando como exemplo o Hojutsu(manejo do fuzil de mecha/pavio), o método em sua integralidade é inefetivo, a começar da sua arma. Considerar a idéia de praticar esta modalidade tendo em vista seu emprego em combate seria uma completa loucura. É patente que sua prática se dá na dimensão estética da preservação de uma herança cultural, o quê torna sua trasmissão fidedigna e integral imprescíndivel. Qualquer "adaptação", "aperfeiçoamento" ou "correção" irá ferir a autenticidade da prática.

A solução para este dilema está em praticar estas artes num contexto de jogo de papéis(RolePlaying), onde o "como se fosse" é a norma.

Praticar o tiro com o fuzil de mecha como se vivêssimos num lugar e era onde ele seria o zênite da tecnologia bélica. Sem perder de mente tratar-se de uma fantasia.

P.S.: e para quem quer ver como se faz...
http://www.youtube.com/watch?v=2KTS8PQ06Qo

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Salvador, Bahia, Brazil
Um shodanzinho autodidata que acabou virando um polivalente polidanzinho autodidata.