quinta-feira, 16 de março de 2017

O QUÊ É AIKIDO?

Algo que muita gente não entende sobre Aikido, especialmente seus praticantes, é que TODAS as artes marcial são um jogo. Cada uma escolhe um aspecto para enfatizar.
No caso do Aikido, seu fundador se afastou das técnicas formais do Daito ryu e escolheu trabalhar com improvisações, gradativamente criando um conjunto de "regras" para o uke (pessoa que é projetada).
No Daito ryu original de Takeda Dai sensei o uke simplesmente realiza UMA agressão à qual o nage (pessoa que executa a técnica) reage. No caso do Aikido espera-se que o uke permaneça "comprometido" com este ataque inicial. Quando o ataque é segurar, ele mantêm a pegada até quando for possível. Quando soca mantêm seu corpo acompanhando este soco. Este fluxo contínuo de movimento permite que se executem técnicas maiores e mais espetaculares do quê as do Daito ryu original. Falo original porque, graças ao Aikido, esta escola também mudou seu jeito de fazer uke.
No caso de Ueshiba a razão desta mudança é clara; a influência Xintô. Na visão Xintô danças e arte são a expressão dos kami, são uma forma de oração em movimento. Ao fazer Aikido, Ueshiba buscava uma comunhão com os deuses.
Seus alunos não enxergavam isto. Eram praticantes de outras modalidades (notadamente Judo, Kendo e Karate) que ficaram impressionados com a habilidade real de Ueshiba e tentavam copiar seus movimentos.
Segundo Saito sensei, em Toquio OSensei TREINAVA seus movimentos. Apenas em Iwama ele ensinava. E comparando a forma como as técnicas eram treinadas em Iwama, ao ensinar Ueshiba demonstrava Daito ryu Jujutsu.
Traçando um paralelo com pintura, Daito ryu é desenho realista concreto; Aikido é impressionismo.
A pergunta que praticantes e aspirantes a praticantes devem fazer é: que tipo de desenho eu pretendo fazer? e que modelo estou copiando?

Bloggar ou não bloggar...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


Pois eh, Japao.

Tem de tudo, mas cuidado com o bolso!!

sábado, 17 de abril de 2010

Porquê se frustrar?


Acabei de passar por uma experiência frustrante. Por quê eu me frustrei?

A resposta é simples: eu esperava um sucesso à partir de meus esforços. Obtive um fracasso, daí a frustração.

Quanto maiores e mais espetaculares nossas expectativas, maiores as chances de frustração.

Então por quê esperar demais. Por quê não seguir o conselho do Dao em almejar pouco?

Talvez porquê vitórias obtidas do fundo de uma derrota aparentemente inevitável, embora raras, sejam tão mais imensamente prazeirosas que nós, inconscientemente, nos colocamos em situações críticas apenas pela esperança destes pequenos milagres.

O problema é sobreviver as incontáveis vezes em que o milagre não vem.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Vortando...



Tenho estado realmente ocupado...tanto no tatame quanto fora dele.


Uma conclusão a que estou chegando é: estamos assumindo parábolas como sendo fatos.


Quando lemos sobre os feitos de Ki/C'hi é interessante notar como, aparentemente, o surgimento de cameras baratas reduziu a habilidade dos "mestres". Nenhum mestre parece mais ser capaz de derrotar lutadores profissionais.


Até a década de sessenta eram inúmeros os relatos de mestres de estilos "secretos" derrotando boxers, wrestlers...com o surgimento de câmeras digitais isso se acabou.


Outro fato interessante é como as pessoas depositam fé em "lutadores" que não lutam. Basta o um mestre se dizer eficaz demais para competições que este automaticamente passa a ser considerado como tal.


É interessante ver relatos chineses sobre mestras capazes de derrotarem homens treinados em artes marciais, independente da desproporção de tamanho. É curioso que não se tem nenhum registro disto ocorrendo após câmeras se tornarem comuns...


As pessoas acreditam nestas coisas de forma alienada, não porquê façam sentido, mas sim porquê atendem a anseios pessoais.


Quem não gostaria de espancar aquele grandalhão que furou a fila? É a fantasia Charles Atlas...em nova roupagem.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O quê é Eficácia? parte 2

Na primeira parte procurei explicar os têrmos eficiência, eficácia e efetividade. Agora que vocês sabem como eu estarei usando estes têrmos passarei a discussão eficácia em artes marciais propriamente dita.

A primeira coisa a ser estabelecida é: qual o objetivo principal de minha prática marcial?

Caso o objetivo seja melhoria da minha qualidade de vida(já que "saúde" é meio vago), como a minha prática se propõe a alcançar esta meta?

Qualidade de vida engloba: eficiência fisiológica(o corpo funcionar de forma eficiente), eficiência psico-emocional(a mente lidar com as experiências de modo equilibrado, sem desgastes) e eficiência social(interação social harmoniosa).

Uma modalidade que provoque machucados crônicos não será fisiologicamente eficiente. Uma que intensifique a agressividade não será social ou psico-emocionalmente eficiente. Observando sob este prisma muitas modalidades são na realidade bem pouco saudáveis...

Caso o objetivo seja a capacidade de derrotar outras pessoas em duelos corpo-a-corpo (já que defesa pessoal é fuga e combate se fundamenta em armas), como minha modalidade se propõe a alcançar esta meta?

Num duelo corpo-a-corpo a meta é comparar habilidades de modo  valorar um vencedor. Regras são definidas. Elas podem ser específicas (como no Kendo, onde até mesmo a forma de andar é restrita) ou vagas("apenas dois lutadores" ou "lutar até knockout ou desistência"), mas estarão presentes.

Derrotar pessoas em duelo corpo-a-corpo engloba: conteúdo conciso(menos informação gera menos necessidade de decisões conscientes e maior intensidade de treinamento) , ênfase em treino livre com variação de parceiros(para estimular a criatividade intuitiva) e condicionamento desportivo(trabalho paralelo voltado para a aquisição de mais força, velocidade ou resistência, de acordo com as necessidades da modalidade de duelo).

Uma modalidade com um conteúdo muito prolixo ("nosso estilo tem mais de dez mil formas de coçar o nariz...") será combativamente ineficiente. Uma que se concentre na prática de exercícios formais(Kata ou Xing) não terá uma prática eficiente para o caos do combate. Uma que ignore a necessidade de trabalho paralelo de fortalecimento estará ignorando uma parte significativa da formação de um lutador.

Da próxima vez que você for treinar se pergunte: o quê estou pretendendo obter de meu treinamento e quão adequado a este objetivo ele parece ser? 

Continua...

Reflexões sobre a prática e ensino de artes marciais.

Uma discussão que frequentemente vêm à baila é sobre "métodos ultrapassados" ou sobre como "mestre X aperfeiçoou as técnicas tradicionais".

É interessante como as pessoas parecem achar que MÉTODOS são coisas de materialidade tangível. É como se as técnicas do Karate Shotokan(exemplo) estivessem lá, guardadas numa pokebola*,e o praticante as recebesse; na hora do combate bastaria gritar "Oizuki, eu escolho você! Ruma a desgraça de pégasu!".

Na prática, este erro é compreensível.

Nossa geração viveu uma quebra de paradigma nas artes marciais. Sua comercialização.

Numa época onde elas eram empregadas em seu papel original(prover guerreiros de habilidades facilmente empregadas em combate) seu conteúdo era simples e objetivo. Tão logo o básico fosse dominado o guerreiro era enviado para batalhas, nas quais teria a chance de pôr a prova o quê lhe foi ensinado e, em alguns casos, complementar este conteúdo com suas próprias experiências.

Com o advento da paz estas modalidades foram se modificando. Seu objetivo primário não sendo mais tão imediato(nenhuma guerra às vista), novos papéis foram encontrados. Ginástica, prática social, válvula de escape da agressividade dos jovens, máquina ideológica do estado...e de acordo com estas novas roupagens, novas organizações de currículo e metodologias foram experimentadas.

Estes fatos eram e são ignorados pela maioria dos praticantes e boa parte dos "mestres". Modalidades fundamentalmente civis e ginásticas são ensinadas como "herança dos antigos guerreiros do/a [escolha seu país]". Nos casos em quê o "mestre" percebe que as técnicas "tradicionais"(que às vezes vêm de uma "tradição" de menos de dez anos) não funcionam bem, este faz uso de seus [superficiais] conhecimentos sobre combate[competições e filmes] para "aperfeiçoá-las", com resultados questionáveis.

Infelizmente muitas das modalidades mais populares atualmente foram fruto de processos similares. As modalidades mais difundidas atualmente(Judo, Karate, Taekwondo, Taichichuan, Hapkido, Aikido, Wing Chun e Jiujitsu) são criações recentes, desenvolvidas por esportistas ou brigadores de rua. E sofreram processo de "refinamento" voltado para duelos esportivos("desafios" onde habilidades são colocadas em oposição).

Isso somado à cultura popular e ao folclore oriental criou vários mitos hoje defendidos como verdades.

A menos que estejamos dispostos a admitir nosso apêgo à fantasia será impossível têrmos a objetividade necessária para levar nossas modalidades à seu potencial pleno.

*Poke-bolas são dispositivos usados o desenho animado japonês(anime) "Pokêmon"(do japonês poketoo monsuta ou monstro de bolso)

Quem sou eu

Minha foto
Salvador, Bahia, Brazil
Um shodanzinho autodidata que acabou virando um polivalente polidanzinho autodidata.